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Poesia e Música animaram Tertúlia do Grémio Literário de Língua Portuguesa, na Casa dos Açores do Ontário

Textos e Fotos de: A. Pereira
Adiaspora.com
(Sexta-feira, 16 de Julho de 2010)

 

 

Carlos Botelho, Presidente da Casa dos Açores do Ontário,
foi o grande homenageado da noite

"Não só de pão vive o Homem"...

A aspiração e sede do infinito que caracterizam a condição humana, encontram a sua expressão máxima nas artes.  É através da afinidade e empatia com a linguagem da música, da literatura e das artes plásticas, enfim, da culturalidade individual e colectiva, que nós nos enquadramos e identificamos com os espaços mais íntimos do espírito e do empreendimento humano.

A poesia e prosa  pincelam, nas telas do verbo, o pensamento e a mundividência daqueles que a escrevem. Na sua maior parte, a escrita é uma compulsão criativa que permite não só clarificar e processar as vivências e o onirismo dos seus autores, mas também, por vezes, para exorcizar a mágoa, a frustração e o passado, enfim, a nossa "bagagem" existencial. Outra das muitas competências da escrita, é de servir de "consciência social", pois através dela, das perspectivas que ela nos faculta, que nós nos inteiramos daquilo que se passa à nossa volta e no Mundo. Destas duas vertentes literárias,  é, todavia, a poesis que mais actua como um facho de luz onde a vida se desnuda, onde as ideias e os ideais são expostos ao escrutínio do poeta e do leitor de forma mais nua e crua, sem artifício nem manha. Neste género literário mais íntimo e pessoal, exteriorizam-se as mais puras aspirações e os mais nobres sonhos do Homem, e onde este se transcende. Como nas demais manifestações literárias e artísticas, a poesia pauta-se pela diversidade dos seus autores, pela diversidade de perspectivas e conteúdo, e pelos distintos graus de erudição ou popularismo.

Do vasto universo de escritores que cada geração faz brotar no seio da sociedade, a maioria permanece na obscuridade, os seus pensamentos, as suas mensagens relegadas, com demasiada frequência,  ao esquecimento e às gavetas da memória pessoal e individual.

Foi pensando nestes escritores - alguns sem voz, sem rosto - que escrevem na ilustre língua de Camões que surgiu, em Toronto, o projecto Grémio Literário de Língua Portuguesa. A iniciativa funciona com um espaço colectivo, onde as verbas angariadas pelo pagamento de quotas dos seus associados, assim como pela realização de outras iniciativas de índole cultural,  se destinam à publicação de antologias colectivas de vários autores lusófonos que actuam no Canadá.

Luís Palaio e sua esposa, em momento de confraternização
na tertúlia do Grémio Literário

Na passada sexta-feira, decorreu no Restaurante Ilhas de Bruma, na Casa dos Açores do Ontário, mais uma tertúlia do Grémio Literário de Língua Portuguesa. Após as boas-vindas  proferidas pela Dra. Fátima Toste e pelo actual Presidente, Dr. Richard Castro Lopo, deu-se início ao convívio com a voz melodiosa da Doutora Edite Molina. Esta,  acompanhando-se na viola, deliciou os convivas com alguns temas populares do cancioneiro hispânico. Não deixando créditos por mãos alheias, o efervescente e sempre jovem Luís Palaio revelou que, para além dos seus conhecidos dotes como pintor e poeta, também o canto e a música o movem. Cantou "Ser Poeta", o belo e bem conhecido soneto da malograda sibila da paixão, Florbela Espanca. Entrementes, foi servido um saboroso repasto de caldo verde, bacalhau à Brás e pudim de ovos, acompanhado de um bom tinto português.

Edite Molina entreteve a sala com temas populares hispânicos

 

Luís Palaio cantando a poesia de Florbela Espanca

Seguiram-se declamações várias de poemas de alguns autores lusófonos do Canadá, entre estes António Vallacorba, Fátima Toste, Manuel Cardoso, Carlos Pereira, Constantino Castro Lopo, José Luís Peixoto, Luís Palaio e Lalita Fialho Lisboa. Como é tradição, muito do que se passa numa tertúlia é espontâneo e improvisado. Assim, guiados por Fátima Toste e Richard Castro Lopo, que entre si partilharam as funções de apresentadores, os declamadores iam surgindo à medida que noite avançava, cada um recitando um poema da sua própria autoria e de um outro autor, conforme o seu gosto e afinidade pessoais.

Ilda Januário Fátima Martins Manuel Cardoso
Felicidade Macedo Patrícia Borges José Tavares

Por sua vez, José Tavares, demonstrou  grande talento na arte do bem declamar, prestando sentimento e expressividade ao poema "Regresso ao Lar" de Guerra Junqueiro.  Para terminar a primeira parte da tertúlia com chave de ouro, Luciana Amaral, uma das cozinheiras de serviço naquela noite, cantou dois lindos fados acapella, revelando ser dona de uma forte e melodiosa voz.

O fado na voz Luciana Amaral

Durante o intervalo, procedeu-se à venda de bilhetes para o sorteio de um quadro doado por Luís Palaio.  A feliz contemplada foi Maria José Moniz.

Pintura de Luís Palaio

Retomando o programa previsto para o sarau, Richard Castro Lopo e Fátima Toste facultaram um breve historial do Grémio, explanando os seus objectivos e a composição dos seus vários corpos dirigentes. A Direcção Executiva do Grémio desdobra-se em múltiplas vice-presidências, as quais são atribuídas a pessoas-chave colocadas nas diversas Províncias do Canadá. Assim, espera-se fomentar a participação de escritores lusófonos que residem noutras partes deste vasto país. Por outro lado, o Senado é um órgão consultivo que aconselha e supervisiona a actividade literária do Grémio, prestando o seu parecer nas matérias a publicar por forma a assegurar a diversidade, qualidade  e representatividade da escrita em língua portuguesa que se produz no Canadá. Os membros do Senado são nomeados por mérito, pelo empenho e trabalho desenvolvido no contexto da colectividade. Este ano, juntou-se a este vetusto grupo a poetisa Lalita Fialho Lisboa, que também agrega o cargo de Tesoureira.

No plano das publicações, prevê-se para breve o lançamento de mais uma antologia colectiva de poesia, desta vez mais direccionada para as crianças. Espera-se que esta segunda antologia venha a integrar o currículo do ensino de língua portuguesa no Canadá.  Existem também planos para a criação de uma biblioteca de língua portuguesa, pelo que foi lançado um apelo aos presentes para doarem livros de forma a aumentar o seu acervo. Luís Palaio é o incumbente nesta área, sendo assim responsável pela organização da biblioteca e pela recolha e catalogação de livros.

Os patrocinadores e patronos do Grémio não foram esquecidos nesta tertúlia. Richard Castro Lopo, enquanto Presidente da Direcção, agradeceu o apoio destes, aproveitando para esclarecer aos presentes o facto de que, naquela colectividade, qualquer pessoa ou entidade que contribua com um montante acima dos $500 é considerado patrono.

Richard Castro Lopo e Fátima Toste presentearam
José Tavares (à esquerda) e Luís Palaio (à direita) com troféus de reconhecimento

Luís Palaio e José Tavares foram galardoados com troféus, em reconhecimento do grande contributo que têm vindo prestar ao progresso e desenvolvimento do Grémio.

Todos anos é homenageada uma personalidade, cuja acção meritória em prol do Grémio se destaca. Este ano, coube a Carlos Botelho, Presidente da Casa dos Açores do Ontário, receber este tributo e o grande troféu que o acompanha, em cuja base o seu nome se junta, em placa alusiva ao ano de 2010, aos nomes dos premiados em anos anteriores. A decisão de render esta sentida homenagem a Carlos Botelho, prende-se com o facto daquele dirigente associativo ter, em muito, auxiliado o Grémio com a cedência de espaço para as suas actividades, na sede da Casa dos Açores do Ontário.

Após os discursos de agradecimento e a declamação de mais trechos, a noite chegou ao fim com a actuação  da cançonetista terceirense, Maria dos Anjos, cuja voz envolvente e melíflua que nos transportou para o romantismo de uma outra época, com baladas como "Besame Mucho", e ainda outras sobre o amor vivido à beira mar, nas Ilhas de Bruma.

A cançonetista terceirense Maria dos Anjos

 

 

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